A forma como você lida com seus problema está te ajudando ou piorando as coisas?
Todos nós desenvolvemos formas de lidar com os problemas desde a infância. Esses modos de enfrentamento podem ser benéficos ou prejudiciais, dependendo de como os utilizamos.
Quando o Enfrentamento Vira Evitação
Carolina (nome fictício) estava muito ansiosa para apresentar um trabalho na faculdade. Pensamentos como:
- “As pessoas podem rir de mim.”
- “Posso esquecer o que eu preciso falar.”
- “Vou passar vergonha na frente de todos.”
A deixavam cada vez mais nervosa. No dia da apresentação, Carolina passou mal e não foi à aula.
Nesse caso, ela utilizou a evitação como estratégia de enfrentamento. Em algum momento de sua vida, essa forma de reagir foi útil para mantê-la segura. Mas na vida adulta, esse comportamento pode se tornar um problema.
Ao evitar a apresentação, Carolina se sentiu bem no momento, mas reforçou a ideia de que falar em público é perigoso. Provavelmente, começará a evitar cada vez mais situações parecidas, o que pode limitar outras áreas de sua vida.
Se tivesse enfrentado a situação, teria ensinado ao cérebro que aquilo não era tão perigoso assim. E quanto mais praticasse esse enfrentamento, mais fácil ficaria no futuro.
Como os Modos de Enfrentamento Surgem
Para entender melhor, imagine que você está em uma selva e se depara com um leão. O cérebro reage rapidamente com três opções:
- Lutar: enfrentar o perigo.
- Fugir: sair correndo para se proteger.
- Congelar: paralisar para sofrer menos ou evitar o ataque.
Essas reações são automáticas e serviram para garantir a sobrevivência da espécie. Hoje, no entanto, enfrentamos “leões” emocionais — críticas, rejeições, frustrações — e continuamos a reagir de forma parecida, muitas vezes sem perceber.
Os Três Principais Modos de Enfrentamento
1. Fuga (Evitação)
A fuga acontece quando você evita situações ou estímulos que considera desconfortáveis ou ameaçadores, mesmo que não sejam ameaças reais.
Exemplo:
Tiago tem medo de ir a uma festa porque lá poderia encontrar Diana, sua paixão. Pensamentos como “vou dançar de forma ridícula” ou “todos irão rir de mim” o paralisam. Ele decide não ir à festa, o que traz alívio momentâneo, mas reforça sua crença de que a situação era realmente perigosa.
Dica: enfrentar esse tipo de situação é essencial para mostrar ao cérebro que não há perigo real.
2. Congelamento
O congelamento é quando a pessoa aceita a situação como imutável e não tenta mudar. Pode se submeter aos desejos dos outros, reprimir emoções e evitar conflitos.
Exemplo:
Angélica cresceu em um lar sem afeto. Quando adulta, vive um casamento frio e continua tentando agradar o marido para conseguir atenção, sem sucesso. Ela mantém o mesmo padrão aprendido na infância, perpetuando o sofrimento.
3. Luta (Hipercompensação)
A luta acontece quando a pessoa reage de forma oposta ao que aprendeu, buscando aliviar o desconforto por meio do controle. Pode se tornar autoritária, agressiva ou perfeccionista para evitar vulnerabilidade.
Exemplo:
Bianca sofreu abuso na infância. Na vida adulta, mantém relacionamentos rasos e adota uma postura de aparente controle, muitas vezes trai ou abandona para não ser machucada. Mas essa estratégia a impede de construir vínculos saudáveis.
Por Que Isso Importa?
Esses modos de enfrentamento foram fundamentais para a sobrevivência humana, mas podem atrapalhar quando se tornam automáticos e generalizados. Continuar usando essas estratégias na vida adulta pode limitar seu crescimento, suas relações e seu bem-estar.
Como Mudar o Padrão
A boa notícia é que é possível reprogramar a mente.
A psicoterapia oferece ferramentas para:
- Identificar as crenças que estão na base dos seus comportamentos.
- Entender como esses padrões surgiram.
- Treinar novas formas de enfrentamento, mais saudáveis e funcionais.
Lembre-se: o melhor caminho é enfrentar, não evitar. A cada vez que você encara uma situação difícil, ensina ao cérebro que é capaz de lidar com ela — e isso aumenta sua autoconfiança.