Por Que Você Escolhe as Pessoas Erradas nos Relacionamentos? Entenda a Química Esquemática

Você se sente triste nos relacionamentos? Já perdeu a esperança de encontrar algo melhor?

Talvez você mesmo esteja se sabotando — sem perceber.

A boa notícia é que isso tem explicação. E melhor ainda: você pode mudar esse padrão.


O Papel da Infância na Escolha dos Parceiros

Nossos modelos de como amar e ser amado são formados desde cedo, ainda na infância, a partir da relação com a mãe ou outros cuidadores primários. Esses modelos se tornam a base de como construímos relacionamentos na vida adulta.

Mesmo quando esses modelos são disfuncionais — por exemplo, quando a criança cresce em um lar frio, instável ou distante — tendemos a repetir esses padrões. Isso acontece porque eles se tornam “naturais” para nós.

Em outras palavras, buscamos (mesmo sem querer) relações parecidas com aquelas que conhecemos na infância, reproduzindo comportamentos que aprendemos lá atrás.


Exemplo 1: Roberta e João (Caso fictício)

Roberta e João estão casados há três anos.

  • História de Roberta: quando criança, ela teve um pai doente e precisou assumir responsabilidades cedo, cuidando da família.
  • História de João: cresceu como filho único, superprotegido e sem limites claros.

Hoje, João é displicente com as tarefas de casa e muda de emprego com frequência. Roberta assume todas as responsabilidades domésticas e financeiras. Para ela, se sacrificar para cuidar do outro é algo “natural” — afinal, foi isso que aprendeu. Por outro lado, João nunca aprendeu a gerenciar a própria vida, se sente inseguro e mantém uma relação de dependência com a esposa.

Esse é um exemplo clássico do que chamamos de química esquemática: um padrão emocional inconsciente que guia a escolha do parceiro e mantém a pessoa em relacionamentos que reforçam seus esquemas de infância.


Exemplo 2: Carolina e Maiara (Caso fictício)

Carolina e Maiara estão juntas há dois anos.

  • História de Carolina: recebeu amor condicional na infância — só ganhava afeto quando correspondia às expectativas da família.
  • História de Maiara: teve um pai abusivo, que punia sempre que era contrariado.

Na relação, Carolina desconfia de tudo e tenta controlar a parceira, invadindo redes sociais e checando o celular, pois não consegue acreditar que a namorada realmente a ama por quem ela é. Maiara, com medo de conflito, cede às vontades de Carolina e se reprime cada vez mais.

A atração entre as duas não foi apenas química física, mas emocional: os esquemas de cada uma “encaixaram” perfeitamente, mantendo o padrão de relacionamento disfuncional para ambas.


Entendendo a Química Esquemática

A química entre duas pessoas vai muito além da atração consciente. Ela é fortemente influenciada pelos nossos esquemas emocionais — padrões criados na infância e que continuam atuando na vida adulta.

Quanto mais forte for o esquema desadaptativo, mais ele influencia na escolha dos parceiros e no tipo de relacionamento que buscamos.


Como Romper o Ciclo

A boa notícia é que é possível mudar esse padrão.
A psicoterapia cognitivo-comportamental (principalmente a terapia de esquemas) é uma das abordagens mais indicadas para:

  1. Identificar de onde vêm esses esquemas.
  2. Reconhecer os comportamentos que os mantêm ativos.
  3. Construir novas formas de se relacionar, mais saudáveis e conscientes.

Muitas pessoas procuram terapia individual para conseguir sair de um relacionamento tóxico ou para entender por que sempre escolhem parceiros parecidos. Outras recorrem à terapia de casal para resgatar o vínculo e melhorar a relação.

Com autoconhecimento e acompanhamento psicológico, é possível quebrar esse ciclo e construir relações mais seguras, saudáveis e satisfatórias.

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